31 janeiro 2012

DOM BOSCO E OS JOVENS - TEMPO PRESENTE (Por Demmes Almeida)

"Por vós estudo, por vós trabalho, por vós vivo e por vós estou até disposto a dar a vida".
São João Bosco  

Em dez anos de trabalho com a juventude em especial à juventude salesiana, percebi o quanto os jovens ao conhecer o santo educador e se identificarem com ele criam um sentimento de filiação e se deixam seduzir pelo seu carisma.

Quando falamos em juventude, devemos ter em mente que esta deve ser entendida como tempo presente, pois acreditar que seja tempo futuro é correr o risco de se criar apenas um discurso empolgante. Juventude se faz no agora. Vive-se o hoje. Não que o amanhã não deva ser planejado e almejado, entretanto, viver na perspectiva de que amanhã é o mais importante, faz com que tenhamos a idéia de que o hoje, o agora não tenha seu real significado, sua relevância.

Dom Bosco foi um homem do presente. Viveu intensamente cada dia, com lutas e desafios que a vida poderia lhe oferecer. Não podemos deixar de destacar que suas ações e seu projeto eram de oferecer aos jovens um futuro melhor. Um futuro que se concretizava nas ações do presente.

Ele em toda sua vida teve como missão específica um amor incondicional aos jovens. Um sacerdote que para eles e por eles viveu, doando-se inteiramente, amando-os como nem outro amou. Em seu zelo apostólico não mediu esforços para mais do que dar uma vida digna a todos aqueles que ele acolhia. Dom Bosco queria e desejava ardentemente em seu coração que os meninos sentissem no mais intimo do seu interior um bem maior, a paz que jamais haviam sentido, a esperança que em muitos momentos haviam perdido... Que eles acima de tudo tivessem a paixão pela vida e um encontro com o Senhor da vida.

Dom Bosco dedicou-se tanto a juventude que “ a sua caridade não se restringia aos jovens do seu Oratório, mas se estendia ainda para além...” - como nos afirma seu amigo e confessor Francesco Giacomelli. Para ele, todos os jovens pelo único fato de serem jovens, estão “em perigo”... Perigo de uma vida sem sentido, perigo pela ausência de carinho e afeto, e de um olhar que em neles confiassem. Perigos que envolvem a vida dos jovens sem perspectivas e sem um horizonte...

Assim como Jesus Cristo que fitava um olhar que penetrava e mexiam com a vida daqueles que tinham um contato com Ele. Dom Bosco também se fazia valer dessa graça do qual certamente o Senhor em dádiva o suscitou. O jovem que em contato com Dom Bosco sentia-se amado, e amado sentia confiança, e confiando entregava-se ao seu projeto. Para aqueles meninos o sacerdote João Melchior Bosco era uma bússola que os ajudava a encontrar um horizonte significativo em suas vidas. O amor de Dom Bosco era feito de gestos concretos.

Quando olhamos os pátios hoje, quando em contatos com tantos jovens nos indagamos se estamos percorrendo os caminhos de Dom Bosco. Ele certamente via na juventude um ‘’sacramento da novidade’’. Toda nossa ação pastoral deve se guiar no caminho de que muitos de nossos jovens têm a urgente necessidade de serem amados. E como discípulos do pai e mestre da juventude, temos como missão fazer com que estes jovens experimentem Dom Bosco vivo e próximo deles.

Por isso que agora, neste tempo presente devemos ousadamente fazer com que a figura de São João Bosco seja propagada e reconhecida no meio da juventude. Que a exemplo dele possamos conhecer as necessidades mais urgentes dos nossos jovens e com a mesma paixão promover o seu crescimento integral e desejar a sua salvação.

É um desafio permanente. Até mesmo porque a juventude do tempo presente é uma juventude cada vez mais “antenada” e “ligada”, e em muitos casos depositaria de informação. É por isso que o papel do educador salesiano se torna importante. A busca pelo novo é uma realidade encontrada hoje neste segmento. E nós precisamos também, se quisermos fazer uma evangelização eficaz, compreender este fenômeno. “Para compreender a realidade juvenil é preciso entender os ‘discursos’ que os jovens fazem de diferentes formas: grafites, opiniões, músicas, manifestações de massa, formas de se articularem, vestimentas, modas, maio de 68, concentrações de Woodstock, rebeldias no México e na China, rebeldes sem causa, enfrentamento às autoridades, invasões de Universidades etc...” (Pe. Hilario Dick). Quando deixamos nossos conceitos já formados e partimos para o ato de compreender tais fenômenos, certamente conseguiremos fazer com que nossa ação evangelizadora consiga de fato ter seu êxito. “Poder-se-ia mergulhar na(s) história(s), buscando compreender como se vivia a juventude, e para isso poderíamos caminhar linearmente e desenhar, nos diversos contextos culturais e históricos o que era ser ‘jovem’, construindo assim uma explicação para o comportamento da juventude do século XXI...”

Essa porção mais delicada e mais preciosa da sociedade humana, sobre a qual se fundam as esperanças de um futuro feliz – jovens. Deve ser e tem que ser cada vez mais apreciada e valoriza de toda forma possível. O futuro que começa no presente.



Demmes Almeida
Aluno de Pedagogia, Técnico em Comunicação Social e Assessor leigo da AJS - Pa