Como entender a vida de um santo, sem compreender suas motivações e o tempo em que ele viveu? E, se o tempo e a sua realidade de vida são tão importantes assim, como transportar para os dias de hoje o seu exemplo de vida, suas intuições e seus conselhos e exortações?
Eu achava, erroneamente, que aquilo que um santo dizia servia para todas as pessoas em todos os cantos do mundo em qualquer tempo que fosse. Acho que isso foi por “culpa” de Dom Bosco, um santo italiano do século 19 e que dedicou sua vida aos jovens e às crianças.
Desde que o conheci, cerca de cem anos depois de sua morte, ele me parecera muito atual. Sua aproximação com a juventude, sua preocupação com a formação deles, fosse espiritual, fosse profissional, eram realmente cativantes.
É fácil gostar de Dom Bosco. Quando criança, ele via os padres todos sisudos, sérios e duros. Pensava que se ele fosse padre seria diferente. Sorriria, chegaria perto dos jovens, afagaria as crianças. Seria um padre diferente. E ele foi, mesmo tendo dificuldades, encontrando barreiras dentro e fora da esfera religiosa.
Foi por conta dos Salesianos de Dom Bosco (padres, irmãos e seminaristas) e das Filhas de Maria Auxiliadora (noviças e irmãs) que eu acabei conhecendo a Pastoral da Juventude. Eles me ajudaram muito a fazer meu itinerário de educação na fé e a minha opção de vida de trabalho com a juventude.
Hoje, graças aos salesianos e salesianas, posso enxergar na vida de Dom Bosco alguns dos princípios que trabalho na Pastoral da Juventude. O primeiro deles é que é preciso gostar da juventude para poder trabalhar com eles. Gostar não. Amar. Dizia ele que "Não basta que os jovens sejam amados; devem saber que são amados. Quem sabe que é amado e quem é amado obtém tudo, especialmente dos jovens".
Dom Bosco era realmente um padre diferente. Suas atitudes com os jovens (boa parte eram órfãos de guerra) eram um ganho na aproximação e no contato com eles. Ele dava atenção, ouvia-os, acolhia-os, compreendia suas necessidades, conhecia seus gostos, sabia quando estavam tristes ou alegres.
Por sua proximidade, acabou por descobrir (ou intuir) que a única maneira de se aproximar e ganhar o jovem é pela amabilidade. Disse uma vez que "Tudo quanto eu sou, é para vós. Não quero outra coisa que procurar o vosso bem moral, intelectual e físico. Por vós estudo, por vós trabalho, por vós vivo e por vós estou até disposto a dar a vida". Mas não era um amor de novela. Era um amor que se traduzia em projetos concretos, em iniciativas envolventes, sem paternalismo, sem violência.
Foi pela vida e pelo exemplo de Dom Bosco que eu quis seguir na PJ. Ele queria formar “bons cristãos e honestos cidadãos”. Eu via na proposta da formação integral da Pastoral da Juventude a concretização deste ideal salesiano.
Hoje falamos que é melhor prevenir do que remediar. Dom Bosco já aplicava isto com seu Sistema Preventivo, cujos pilares eram a Razão, a Religião e a Bondade. Na Pastoral da Juventude eu acabei tranquilamente associando isto ao método Ver, Julgar e Agir.
E ainda ele dizia que santidade é alegria, não melancolia e isolamento. Pessoas alegres atraem outras pessoas. Jovens alegres atraem outros jovens. Na alegria, partilhamos nossas esperanças e o nosso desejo de ver o mundo melhor. Afinal, como Dom Bosco dizia, e como eu aprendi também na Pastoral da Juventude, o Senhor colocou-nos no mundo para os outros.
31 de janeiro – Memória a São João Bosco, pai e mestre da juventude.
Fonte: Blog PJotando