Sabemos que o extermínio de jovens não é uma ficção, mas é uma realidade brutal que alcança milhares de famílias que choram seus filhos que são empurrados para esta realidade de drogas, de modo especial com o crack. Na sua maioria são jovens do sexo masculino, negros, adolescentes. Esta realidade de morte, muitas vezes naturalizada entre nós, exige de nós uma postura de indignação, de romper com este modelo econômico que ceifa milhares de vida de jovens.
Não sabemos por que a Globo elegeu esta campanha para o momento dramático da mãe que perde o filho. Porém, colabora em afirmar, em nível nacional, no momento de auge do tema que debate sobre a morte de um jovem que foi empurrado pela morte por seu pai (que na novela representa a ganância, a corrupção, a falta de escrúpulos nos negócios e o desprezo da família).
Como a ficção sempre nos remete a uma situação da realidade, creio que a cena oportunizou a muitas mães chorarem junto com ela a morte de seus filhos. Esta é a forças das novelas, trazer para dentro de seu roteiro situações que nós nos identificamos. É também, espaço para provocar o debate de temas que estão nos interiores de nossas famílias e que muitas vezes não vem para o debate público.
As Pastorais da Juventude vivem o profetismo de defender a vida do seu povo jovem. A Igreja, seguidora de Jesus, vêm a público denunciar a morte. Esta voz está sendo ouvida. Toda a Igreja é movida, como seguidora do Mestre da vida, a viver a sua condição de profeta que nos é dada pelo batismo.
Vamos assumir, com coragem e denunciar todas as situações de morte da juventude – tráfico humano, drogas, migrações em situações precárias, prostituições forçadas, etc. Vamos dizer sim a vida, não a morte.
Carmem Lucia Teixeira
Coordenadora Geral da Casa da Juventude Pe. Burnier